Competitividade nas alturas
GESTÃO
Competitividade nas alturas
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a história da indústria aeronáutica brasileira, a Embraer destaca-se como um ícone respeitado. Modelo bem-sucedido em termos de inovação de produtos e conquista de mercados internacionais, a empresa é alvo de diversos pesquisadores que buscam, na compreensão de seu sucesso, a possibilidade de generalizar suas lições para outras áreas da indústria nacional. O artigo analisa as principais razões para o sucesso do modelo competitivo da Embraer e traz uma reflexão sobre as reais possibilidades de sua imitação.
IMAGEM: DANIELA MOUNTIAN
por Ilan Avrichir ESPM e Miguel P. Caldas Loyola University
Como é o caso na maioria dos assuntos humanos, e certamente não é diferente no mundo das empresas, fenômenos que ocorrem fora do grande círculo mediano têm uma probabilidade muito maior de ficarem em evidência. Chamam a atenção por suas características peculiares, pela
combinação sui generis de variáveis que lhe dão origem e, talvez principalmente, pelo desejo de imitação. Em matéria de competitividade e desenvolvimento, parece ser essa a posição que ocupa a Embraer, empresa que se tornou, para um amplo conjunto de observadores, um ícone da
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GESTÃO: COMPETITIVIDADE NAS ALTURAS
dade do apoio de um governo ou uma estratégia bemsucedida de marketing. Porém, não foi isso o que sucedeu com a Embraer. A empresa vem sendo bem-sucedida há, pelo menos, três décadas e meia, o que sugere a existência de fatores estruturais.
Outra característica da competitividade da empresa relaciona-se à escolha acertada de seus produtos. Convém aqui uma recapitulação. A família de jatos regionais, com lugares para 70 a 100 pessoas e que hoje ocupa justamente a linha de frente da empresa, consiste da quarta bem-sucedida da
Embraer. A primeira teve como carro-chefe o Bandeirante, um bimotor turboélice para 19 passageiros, o