como não fazer
Mãe perseverou em oração pela filha que saiu de casa...
Longe de ser um fato inédito, acompanhe, mãe e filha...
MARTA ESTÁ SENTADA, LENDO A BIBLIA. ENTRA SUA FILHA DÉBORA CORRENDO COM UMA CARTA ESCONDIDA ATRÁS DE SI.
DÉBORA – Mamãe, a senhora nem imagina o que eu tenho aqui.
MARTA – O que é filha? Diga logo.
DÉBORA – Advinha. É algo que a Senhora que muito.
MARTA – O, filha, bem sabes que não tenho este dom. Vamos, conte logo o que é.
DEBORA – Uma carta de Éster.
MARTA – Carta da éster? Da minha éster? Meu Deus, eu nem acredito. Minha filha está viva. O senhor ouviu minhas orações. (fala enquanto abre a carta) – tomara que sejam notícias boas. Que Ela vai voltar para casa. (começa a ler a carta) – São Paulo, 30 de abril de 2005.
O PAI VEM ENTRANDO PARA PARTICIPAR DA LEITURA DA CARTA.
VOZ DE ESTER, AO MICROFONE, DANDO CONTINUIDADE À CARTA.
A quase seis anos que não nos vemos. É muito tempo. Ainda era uma criança quando te abandonei. Quando decidi viver minha própria vida. Xinguei, blasfemei contra Deus, gritei com a senhora, virei as costas e segui meu caminho.Lembro-me que a Senhora chorou muito, mãe. A senhora ficou em lágrimas enquanto eu saia em busca do que eu chamava de liberdade. Esta minha atitude me custou muito caro.Estou num tremendal de lama e não tenho como sair dele. A minha perversidade me jogou numa prisão. Desde que saí de casa, nunca mais dei notícias.Estou escrevendo porque não sei se um dia poderei vê-la. Abraça-la novamente.
Mamãe estou presa a cinco anos e oito meses e desde então eu deixei de viver. Ainda me lembro de seus carinhos quando ia ao meu quarto para me cobrir para que eu não sentisse frio.E hoje a minha vida se tornou um gelo.Sinto tanto frio e a senhora não está aqui para me afagar e me dar o seu calor. Aqui na cadeia durmo em bancos de cimento e em colchão da finura de um dedo Isto não é nada diante do que estou passando no momento. Estou no meio de uma rebelião de presos E estamos todos amontoados