Como funciona a mentira
Quando você é jovem, há uma lição que é martelada na sua cabeça mais do que qualquer outra: diga a verdade. Diga a verdade, dizem para você, e ficará tudo bem. Então por que a sua mãe liga para o chefe dizendo que está doente quando não está, e por que seu pai diz para sua mãe que o vestido que ela está usando não a deixa gorda? Eles não aprenderam essa lição quando eram pequenos, e você e eu também não. Mentir não é um sinal de depravação moral (a não ser que seja). Mentir é um sinal de avanço cognitivo. Essa ação requer um cérebro fértil e altamente funcional para pegar uma coisa tão simples como a verdade e mudá-la, burlando a decepção que causaria a outra pessoa com a honestidade de um coroinha. O problema com a verdade é que ela nem sempre serve aos nossos propósitos, promove nossas carreiras ou nos livra de problemas. Quando podemos pegar a via da imaginação e realização dos nossos desejos, seríamos loucos de não passear pelo caminho enganoso em busca de nossos objetivos, certo? Crianças mais novas acreditam que sempre estão sendo vigiadas, e que a mamãe (ou outra figura de autoridade) sabe de tudo. Por essa razão, elas são mais propensas a dizer a verdade no começo. Conforme vão crescendo, elas começam a testar a mentira: o cachorro é azul, minha camiseta é feita de cobre, foi o biscoito que me contou. Para os ainda mais novos, mentir é uma série de experimentos sobre causa e efeito. Quando uma mentira funciona? Que tipo de mentira? O que é uma mentira acreditável? Vão me pegar no pulo alguma vez, ou devo continuar mentindo até que a verdade seja uma lembrança distante para as duas partes? Por volta dos 2 ou 3 anos, as crianças percebem que não estão sob constante observação de um “Olho da Verdade” onipresente e onisciente. Uma criança típica de 4 anos distorce a verdade a cada duas horas, enquanto uma de 6 anos conta uma mentira a cada 90 minutos [fonte: Bronson].