Dilemas Morais
O problema da mentira apresentado se configura como um dilema moral, pois a pessoa tem diferentes opções de como prosseguir com a situação. Do ponto de vista da ética Kantiana, é completamente injustificável a mentira em qualquer situação; considera o comum como bem maior em relação ao indivíduo, portanto, qualquer ação que envolve a mentira, não passa pelo imperativo categórico, que diz que qualquer ação é ética apenas se essa ação puder vir a ser uma lei universal, ou seja, ser praticada por todos sem prejudicar ninguém. Já na visão utilitarista, o bem maior é o indivíduo e quem o cerca, e não o comum. Deve-se tomar em conta o que é melhor para o indivíduo, sem deixar de lado o fato de essa pessoa estar em um meio social, e, portanto, escolher a ação que o beneficie e que prejudique o menos possível o bem comum.
No caso apresentado, o meu ponto de vista é que a melhor escolha seria levar em conta a teoria utilitarista. Nela, o indivíduo e seus entes queridos são priorizados. É compreensível que haja inúmeras controvérsias a respeito da escolha da mentira em relação a ser sincero, porém, nesse caso, não é uma simples escolha, é a escolha que pode salvar a vida da pessoa que você mais ama. De acordo com a teoria utilitarista, o que importa é o fim que a atitude vai ter, e não o caminho; por isso, a mentira, poderia ser justificada por gerar, no fim, a felicidade da pessoa salva e de quem a salvou. A teoria utilitarista não prioriza a felicidade das pessoas próximas (família, amigos) a dos demais. Porém, acredito que no caso a mentira pôde ser justificada pelo fato de uma vida salva ser um prazer superior em relação à felicidade que o dinheiro poderia trazer em bens materiais (teoria de Stuart Mill).
Na teoria da ética do dever, essa mentira nunca poderia ser aplicada, pois o imperativo categórico só considera uma ação ética se ela não prejudicar a ninguém. Segundo essa teoria de Kant, o comum, a sociedade é mais importante que o individual.