O segredo e a informação
AUTOR: JOÃO ALMINO
INTRODUÇÃO
- Não existem nem pensamento puro nem signos puros. Pensar-falar são inseparáveis.
- Signo e sentido são de alguma forma um só. É impossível calar absolutamente (sentido sem signo) (...) como é também impossível falar sem dizer absolutamente nada (signo sem sentido).
- Só se pode pensar se se é detentor de uma linguagem, que contém os signos-sentidos. Alguns acreditam que sem uma linguagem única não há comunicação e, portanto, não há organização nem sociedade.
- No silêncio não há verdade, mentira ou segredo, mas ele não é vazio. É “na realidade linguagem absoluta, já que nenhum termo é para ele essencial fora o sentido da coisa”.
- A exteriorização dos sentidos, o rompimento do silêncio, é que nos leva ao terreno do que pretendo analisar no presente livro: a mentira, o segredo, a informação.
- A mentira é uma forma de segredo ou vice-versa, pois ela, como o segredo, implica ocultação de uma “verdade de fato”. Ela não silencia em relação ao outro (...) busca transmitir-lhe uma informação.
-A verdade em maiúscula existe apenas como fruto de um consenso que brota de uma argumentação coletiva.
- Segredos são silêncios já rompidos dentro de certos limites, são segredos revelados dentro de um grupo ou conscientemente aceitos como tais por indivíduos, segredos aos quais não têm acesso os que estejam fora do grupo, os outros indivíduos.
- A mentira é uma distorção da verdade de fato. Além disso, mentira e verdade de fato se assemelham quando confrontadas com o silêncio. Para que uma ou outra aconteçam, é necessário que já conheçamos o objeto.
- Entre os segredos e mentiras conscientemente elaborados, existem os que se fabricam pela força empregada pelo Estado contra a publicidade do privado (jornais). O antídoto para os primeiros é a ausência de censura.
- O segredo, como segredo de Estado, reina nas ditaduras, nos regimes autoritários e totalitários,