Clastres
Aluno: Tiago de Miranda
Sociedades sem estado e o chefe sem poder
Nas terras baixas da América do sul predominavam sociedades indígenas anárquicas e sem política e poder centralizado. Segundo Pierre Clastres, antropólogo e etnógrafo francês da segunda metade do século XX, tais sociedades possuíam gosto pela democracia e igualdade, nelas existia uma figura de chefe paradoxal do ponto de vista europeu: um chefe sem poder. O chefe selvagem não detém o poder de mandar, pelo contrário, ele serve a sociedade realizando tarefas e servindo como exemplo. Essencialmente compete-lhe assumir o esforço da comunidade, com vistas em afirmar sua especificidade, sua autonomia, sua independência em relação às outras comunidades. Este líder sem poder possui habilidade, talento diplomático para consolidar as redes de aliança que garantirão a segurança da comunidade; coragem, disposição guerreira capaz de assegurar uma defesa eficaz contra os ataques dos inimigos ou, se possível, a vitória em caso de expedição contra eles. No entanto é essencial destacar que o líder primitivo nunca toma decisões em seu nome, para depois impô-las à comunidade. A estratégia de aliança ou a tática militar que ele desenvolve nunca são as suas próprias, mas as que respondem exatamente ao desejo ou à vontade explicita da tribo. Compete-lhe a função de ser o porta-voz: dizer aos outros o desejo e a vontade da sociedade. Se o chefe fornece seus serviços de bom orador e homem generoso, em troca ele possui mais mulheres que os demais integrantes da tribo, este é o bem mais valioso dessas sociedades, sendo assim ele se torna automaticamente refém do grupo sendo controlado por uma relação de endividamento. Esta relação negativa com o grupo impossibilita a potência política o que impede o surgimento do poder centralizado. Resumindo, o chefe é o mais generoso da tribo, bom orador e possui várias mulheres. Estas sociedades primitivas são, portanto, sociedades