Critica de lana a Clastres
Marcos Lana, em seu artigo faz uma reflexão sobre a questão da universalidade da assimetria a partir da obra de Pierre Clastres, que nos permite a passagem de uma assimetria abstrata e referida á troca para a questão propriamente dita do poder e do Estado.
Dessa maneira , a critica que Lana faz da obra de Clastres é em torno do seu modelo da chefia, da ideia de que a ausência de uma força como potência de sujeição e com capacidade de coerção definiria a natureza das sociedades primitivas como “contra Estado”, e também ele critica o modelo de reciprocidade reelaborado por Clatres.
Lana observa que para Clastres a ausência do poder coercitivo seria a prova de que a sociedade primitiva seria bem-sucedida em sua empreitada "contra o Estado", a "sociedade contra o Estado" sendo "sociedade com poder não-coercitivo". Assim, se em A sociedade contra o Estado a sociedade primitiva define-se ontologicamente pela troca recíproca e igualitária, ela não deixa de se definir também topologicamente por uma posição credora em relação ao chefe, por sua capacidade para exteriorizar este último. Clastres supõe que a natureza da sociedade muda com o sentido da dívida ; O estatuto da sociedade indígena seria, para Clastres, essencialmente diferente daquele das "com Estado", em função de as primeiras se caracterizarem pela troca e as segundas pela dívida; entretanto, ambas se definem também em relação ao Estado, ora recusando-o, ora deixando-se definir e submeter por este. O argumento implica ainda um nível psicológico: a radical recusa do "Estado" requereria certa sagacidade.
Lanna afirma que Clatres usa o modelo de reciprocidade de Lévi Strauss duplamente: de modo consciente reduzindo-o , ao afastá-lo da assimetria da dívida , mas também o expande ao renovar a ideia de utiliza-lo para a construção de uma antropologia política.
Marcos Lanna segue a perspectiva teórica de Levis Strauss,