pierre clastres
Clastres P. (1979), “ Copérnico e os Selvagens” in Clastres, P., A sociedade contra o Estado, Porto, Ediçoes Afrontamento, pp. 14-15
Parágrafo importante, na medida em que nele se pode assumir o ponto de partida da crítica de P. Clastres, suportada por estudos aos ameríndios da América do Sul, onde assume que as sociedades “primitivas” não são sociedades sem Estado, mas sociedades contra o Estado. Todo o texto é construído numa crítica ao pensamento político ocidental que assume como intrínseco a si, a dominação e a coerção como base de uma sociedade com Estado, em dissonância, P. Clastres defende que uma sociedade pode prescindir da figura do Estado.
As sociedades “primitivas”, segundo o autor, são marcadas pela ausência de uma hierarquia, onde não existe poder, não sendo possível encontrar uma relação entre os que comandam e os que obedecem. São sociedades onde não há uma divisão entre a própria sociedade e o poder político, tornando-as por isso sociedades homogéneas onde o poder não se separa do social.
O autor começa por criticar a construção ocidental que as economias de subsistência, são formas atrasadas quando comparadas com a economia de mercado ocidental. P. Clastres, desmonta o conceito de subsistência, pela forma como é tradicionalmente interpretado pelo ocidente, …” que traduz muito mais as atitudes e hábitos dos observadores ocidentais face às sociedades primitivas do que a realidade económica sobre o qual repousam