A Sociedade Contra o Estado - Pierre Clastres

O capítulo V do livro “A Sociedade Contra o Estado”, de Pierre Clastres, narra a vida quotidiana das sociedades predominadas pelos índios Guayaki. As diferenças entre os homens e as mulheres ficam muito claras, e esta sociedade é marcada principalmente pela divisão sexual das tarefas. Diferente de outras tribos, os Guayaki não realizam nenhuma atividade que envolva a participação simultânea de homens e mulheres. Porém apesar de não haver simultaneidade, há uma complementaridade e dependência nas atividades, ou seja, por mais que haja a separação de sexo na realização, ambas dependem diretamente uma das outras e se complementam.
Vejamos por exemplo o caso da agricultura: nela homens e mulheres não trabalham juntos, cada um fica encarregado com uma atividade. As mulheres dedicam-se a semeio, ao tratamento da terra e ao recolhimento do plantio. Já os homens cuidam da preparação do lugar que será utilizado para as plantações. E assim fica evidente que por mais que haja essa separação de tarefas, uma depende da outra.
Nas sociedades predominadas pelos Guayaki, a questão do espaço é fortemente determinada. Os homens caçam, e por isso o espaço masculino predomina-se na floresta. E já que as mulheres ocupam-se com a vida artesanal, cozinham e cuidam das crianças, o espaço é caracterizado na própria tribo, ou seja, no acampamento, que por sinal duram pouco mais de três dias. E assim ilustra mais uma vez a questão da separação entre os homens e mulheres da tribo.
A forte característica dos Guayaki, evidenciada no texto de Pierre, funda-se em dois grandes símbolos, que marcam fortemente as diferenças entre os sexos. O Arco e o Cesto. “O equilíbrio das relações econômicas entre os caçadores e suas mulheres exprime-se, no pensamento dos índios, como a oposição entre o arco e a cesta.” O arco, é um utensílio exclusivamente masculino e o cesto destina-se unicamente as mulheres. Daí surge um tabu nesta