Clastres, pierre. copérnico e os selvagens. in a sociedade contra o estado
O autor inicia seu ensaio questionando o propósito e a origem do poder. Faz uma pequena referência a multiplicidade de estudos e obras que tratam do mesmo tema.
Clastres baseia o seu estudo no “Ensaio sobre o fundamento do Poder Político” de Jean-William Lapierre e o denomina de “projeto ambicioso”, pela quantidade de informações, dados e reflexões desenvolvidas.
Lapierre questiona, a priori, se o poder é um fato natural e comum as todas as espécies. Depois de intensa pesquisa de campo, debruçado sobre uma possível “Sociologia Animal”, ele constatou a ausência de qualquer forma de poder político entre eles.
Em seguida, volta sua pesquisa para as ciências humanas e começa a investigar o poder entre os selvagens, que denominou de “As formas Arcaicas do Poder Político nas Sociedades Humanas”. Destaca-se em seu estudo o caráter exaustivo da amostragem: América, África, Sibéria, Oceania, etc. Utiliza-se do método comparativo, classificando as sociedades escolhidas em uma tipologia baseada na quantidade de poder político.
“(...) partindo-se das sociedades arcaicas nas quais o poder político é mais desenvolvido para chegar finalmente àquelas que quase não apresentam, ou mesmo não apresentam, poder propriamente político.” [p. 25, l. 28]
Lapierre afirma categoricamente que o poder se realiza numa relação social de comando-obediência. Clastres, discorda e diz que tal concepção é tradicionalista e traduz o espírito da pesquisa etnológica clássica (eurocêntrica) ao estabelecer certezas e verdades absolutas. Esta visão Ocidental, de que a violência é requisito imprescindível do poder, é compartilhada por autores renomados, como Nietzsche e Max Weber.
“A verdade e o ser do poder consiste na violência e não se pode pensar no poder sem o seu predicado, a violência. “ [p. 27, l. 8]
Lapierre começa a desenvolver conclusões a partir de estudos das sociedades indígenas,