cidadania no brasil-longo caminho
A recorrência do fenômeno sugere que a prática da cola seria ou um problema menor ou um problema insolúvel. Aqueles que a veem como problema menor defendem que muitas vezes a cola pode até estimular a criatividade dos alunos, tantos são os meios inventados para burlar a vigilância de professores e inspetores. Aqueles que a veem como problema insolúvel defendem que a essência do ser humano é ruim, logo, se faz necessário aumentar o controle para que os alunos, pelo menos, colem menos.
De fato, trata-se de um problema. Defendo, no entanto, que esse problema não é nem menor nem insolúvel.
Por que a cola não é um problema menor? Porque através da sua prática o futuro cidadão aprende a desonestidade intelectual, exatamente a matriz de todo tipo de corrupção que assola o país. Através da prática da cola o futuro cidadão aprende a subornar, a aceitar suborno e a avançar o sinal vermelho. Minimizar a importância da cola implica minimizar suas graves consequências para toda a sociedade.
Por que a cola não é um problema insolúvel? Porque ela é fabricada pela própria escola, que dela precisa para estruturar e justificar seu complexo sistema de controle e poder. Na verdade, a cola é a sombra da própria escola. Se percebermos como isso acontece, podemos mudar as práticas escolares que instituem e promovem a cola.
Na escola são tantas as disciplinas que o conhecimento fica todo esfacelado. Nenhum professor pode dar conta de toda a matéria que se ensina aos alunos em todas as disciplinas, mas todos os professores exigem que seus alunos deem conta do que eles mesmos não conseguem. Tanta divisão provoca fragmentação do conhecimento e alienação dos professores. Os alunos não veem mais no professor a figura do Mestre e não transferem o que aprendem de uma