Chomsky
À primeira vista, Noam Chomsky não é um estruturalista. Longe de afirmar que “o homem morreu”, ele ataca a psicologia behaviourista, o capitalismo industrial e o socialismo estatista justamente pela sua falta de humanismo. Sendo um activista político, as suas simpatias vão para a ala anarquista do Humanismo Socialista, excomungado pelos estruturalistas. E o ponto de partida da sua teoria da linguagem não é a linguagem como fenómeno colectivo, mas a criatividade de cada um dos utentes da linguagem, a sua capacidade de produzir e compreender frases que nunca encontrou antes. Ao contrário dos estruturalistas, a linguagem é para Chomsky um meio para exprimir pensamentos e não um sistema social de comunicação através do uso de símbolos. E Chomsky enfatiza, ao passo que os estruturalistas desvalorizam, as diferenças entre as linguagens naturais e outros sistemas de símbolos.
Por que razão, então, de entre os filósofos anglo-americanos contemporâneos, se referem os estruturalistas com algum grau de respeito apenas a Chomsky (com a excepção do semi-namoro de Derrida com Austin)? Em primeiro lugar, ele formou-se na tradição da linguística estrutural; com efeito, o seu mestre Zellig Harris escreveu um livro (1951) com esse mesmo título. É verdade que linguística transformacional de Chomsky está, em muitos pontos, em clara oposição à linguística estrutural americana, uma vez que ele rejeita a tese de que as teorias linguísticas têm por objectivo caracterizar entidades linguísticas complexas em termos de entidades linguísticas de ordem inferior — frases em termos de palavras e palavras em termos de fonemas. Todavia, aquilo que ele deve a Harris e a linguistas pós-saussureanos como Jakobson é ainda bastante.
Em segundo lugar, [...] as suas teorias linguísticas propriamente ditas, tal como foram apresentadas no seu primeiro livro, Estruturas Sintácticas (1957), e desenvolvidas nos seus Aspectos da Teoria da Sintaxe