Caso clínico
Foi atendida em Hospital de Porto Alegre, no Setor de Traumatologia, uma criança com 10 meses de idade, do sexo feminino, trazida pela mãe que contou que o bebê havia caído da cama e que "estava chorando muito e que poderia ter quebrado algum osso". Examinada pelo traumatologista de plantão, foi constatada equimoses generalizadas e o exame clínico indicava fratura no braço esquerdo e na coxa direita. Foi encaminhada ao setor de radiologia e retomando com as radiografias havia uma observação do radiologista alertando para a possibilidade de "maus tratos", pois além das fraturas já mencionadas, foi constatada fraturas em fase de consolidação e fraturas consolidadas em arcos costais! O plantonista resolveu conversar mais com a mãe e mostrou sua surpresa quanto às fraturas apresentadas buscando que a mãe esclarecesse melhor o caso. A mãe contou que quando chegou em casa encontrou a criança chorando e no chão, e que por isso achava que ela havia caído da cama. Além da criança, só estava em casa seu companheiro, que não era o pai da criança, mas que dormia profundamente e ela ficou com medo de acordá-lo, pois era muito violento quando bebia. Embora as evidências de maus-tratos, o traumatologista não queria se incomodar, cuidou em tratar as fraturas e liberar a paciente. Na sua maneira de ver, o traumatologista agiu corretamente?
COMENTÁRIOS Primeiramente, trata-se de um caso clínico envolvendo uma polêmica relação médico-paciente, onde a história contada pela mãe não condiz com os sinais apresentados por sua filha (paciente). Após o médico diagnosticar como síndrome da criança espancada, a mãe da paciente revela que o seu companheiro – que não é o pai da criança – ficava agressivo quando ingeria uma considerável quantidade de álcool. Logo, é importante que o médico encaminhe o caso para uma assistente social, que por sua vez, tomará as medidas necessárias. Além disso, o médico deve respeitar os princípios da ética e da bioética, já que é de bom senso