CARRUAGENS DE FOGO
Se hoje obras exaltando os feitos pessoais e heróicos de atletas ou grupos de pessoas são lançados aos borbotões a cada ano, a culpa não é de Hudson. Muitos deles bebem da mesma fonte que o diretor britânico encontrou, mas o filme foi de certa forma um pioneiro. Faz uso de recursos que hoje soam clichês, mas mesmo feito há 27 anos atrás, ainda consegue ser mais competente do que a maioria de seus filhotes contemporâneos – a história envolve esporte, mas o que Hudson está fazendo não é simplesmente contar uma história de superação e transposição de limites, mas acima de tudo humana. “Carruagens de Fogo” fala sobre preconceito e motivações, funcionando como retrato de época.
Hudson conduz a história de Harold Abrahams e Eric Lidell de forma acadêmica. Não re-inventa a roda, e segue a passos firmes por uma estrada conhecida, em linha reta. “Carruagens de Fogo” não surpreende por inovações narrativas ou visuais, tampouco tem interpretações magistrais que possam, sozinhas, justificar um filme. Mas é um filme sincero. Centra nas figuras do inglês e judeu Abrahams (Ben Cross) e no missionário e atleta escocês Lidell (Ian Charleson) sua atenção. A intenção anunciada é mostrar como Abrahams e Lidell – conhecido como o “escocês voador” – conquistaram a glória máxima nas Olimpíadas de 1924 competindo com a supostamente imbatível equipe norte-americana de atletismo. O fato consumado, entretanto, traduz a busca por vitória na busca por