Camões lirico
Considerado o maior poeta lírico português de todos os tempos, sua poesia lírica é marcada por uma dualidade: ora revela textos de nítida herança tradicional portuguesa, ora sua poesia se enquadra na medida nova renascentista. Podemos notar, ainda, a fusão dessas características em outros textos.
Seus sonetos foram produzidos em medida nova. Suas poesias escritas em medida velha compreendiam redondilhas tanto maiores como menores, a maior parte delas estruturadas a partir de um mote, isto é, uma sugestão inicial, que era desenvolvida pelo poema nas estrofes seguintes, sob o título de volta.
Em Camões, a herança das cantigas trovadorescas aparece principalmente nas redondilhas. O mar, as fontes e a natureza surgem em diálogos, lembrando as cantigas de amigo, apenas não se colocando no lugar da mulher e, sim, falando sobre ela.
Percebe-se, em alguns textos da lírica camoniana, a influência da filosofia platônica, sobre o mundo sensível e o mundo inteligível, principalmente em alguns sonetos como nas redondilhas de Babel e Sião.
Um dos temas mais ricos da lírica de Camões é o Amor, ora visto como idéia (neoplatonismo), ora como manifestação de carnalidade. Nesse Amor como idéia ou essência, nota-se uma nítida influência da poesia de Petrarca e Dante, sendo a mulher amada retratada de forma ideal, como um ser superior e perfeito.
Em outros momentos, talvez em função de sua vida atribulada, Camões não canta mais o amor espiritualizado, mas um amor terreno, carnal, erótico. Pela impossibilidade de obter uma síntese desses dois amores, nota-se, às vezes, o uso abusivo de antíteses.
O desconcerto do mundo foi um dos temas que mais preocuparam o poeta português, manifestando-se em poemas sobre as injustiças, a recompensa aos maus e o castigo aos bons; sobre a ambição e a inútil tentativa de acumular bens que acabam no nada da morte; sobre os