Camões Lírico
Camões produziu poemas nas duas vertentes que vigoravam no seu tempo, a medieval, expressa na
“medida velha” (redondilhas), e a clássica, expressa pela “medida nova” renascentista (sonetos, odes, elegias, canções etc), subdividida em lírica e épica (“Os Lusíadas”). Em ambas as vertentes, Camões foi o maior poeta do seu tempo.
Medida velha: escritas na mocidade do poeta, as suas redondilhas* são, em geral, leves, brincalhonas, destinando-se à recitação na corte. Mas, ao género popular e folclórico da poesia medieval, Camões oferece dimensões mais vastas, fruto da sua grande experiência pessoal e de seu genial talento. O uso das antíteses e dos paradoxos ultrapassa as limitações formais das redondilhas, dando-lhes uma problemática nova, recheada de ambiguidades, trocadilhos, imagens e de magia verbal. * Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior.
Medida nova: Camões encontra sua plena realização na poesia de inspiração clássica, chegando até mesmo a superá-la em mais de um aspeto, sendo, por isso, considerado um precursor do Barroco.
Poeta de preocupações filosóficas, Camões mergulhou no angustioso mundo do “eu”, do amor, da vida, do mundo.
O soneto:
De origem controversa, o soneto atingiu vasto alcance e reconhecimento na Europa com Petrarca*, que a ele fixou forma e conteúdo modelares. Composto por 14 versos dispostos em dois quartetos e dois tercetos, o soneto pode ser, quanto à métrica e à rima, constituído de variadas formas. Mas, tal como foi fixado por Petrarca, era composto de versos decassílabos e suas rimas dispostas segundo o modelo: ABBA – ABBA nos quartetos e CDC – DCD nos tercetos, sendo ainda comum o sistema
CDE – CDE nos tercetos.
*Francesco Petrarca (Arezzo, 20 de julho de 1304 — Arquà, 19 de julho de 1374) foi um intelectual, poeta e