Camões lírico
Português – 10º ano
Prof.ª: Ana Cristina Matias
SEQUÊNCIA DE APRENDIZAGEM: Camões Lírico
1. Relação da designação «poesia lírica» com o mito de Orfeu
Orfeu
Alexandre Séon, Os Lamentos de Orfeu, Paris, Museu d’Orsay
Filho do rei da Trácia, Eagro, e da musa Calíope,
Orfeu é o maior poeta lendário da Grécia.
Cumulado com os dons de Apolo, ele recebeu, como presente do deus, uma lira de sete cordas à qual, segundo se diz, ele acrescentou mais duas, em lembrança das nove Musas, as irmãs da mãe. Tirava deste instrumento notas tão comoventes e melodiosas, que os rios paravam, os rochedos seguiam-no, as árvores paravam os seus murmúrios.
Tinha também a faculdade de capturar os animais ferozes. Os Argonautas serviram-se dos seus talentos na expedição. Com a doçura e beleza da sua voz, Orfeu soube acalmar as águas agitadas, ultrapassou a sedução das Sirenes e adormeceu o dragão da Cólquida. Viajou no Egito e iniciou-se nos mistérios de Osíris, em quem se devia inspirar para fundar os mistérios órficos de Elêusis. No regresso da expedição dos Argonautas, ele estabeleceu-se na Trácia, onde tomou a ninfa Eurídice por esposa. Um dia, a jovem mulher, para escapar às propostas do pastor Aristeu, fugiu e foi mordida por uma serpente; morreu no mesmo instante. Louco de dor, Orfeu obteve de Zeus a permissão para ir encontrá-la nos Infernos e trazê-la de volta para a terra. Com a lira, ele acalmou o Cérbero feroz, apaziguou, por um momento, as Fúrias e arrancou a esposa à morte. Mas fora-lhe imposta a condição de não olhar para a esposa antes que esta se encontrasse no mundo dos vivos. No momento em que chegava às portas do Inferno, ele voltou a cabeça para ver se Eurídice o seguia. No mesmo momento, ela perdeu os sentidos, para sempre. De volta à Trácia, Orfeu permaneceu fiel à esposa desaparecida e desprezou o amor das mulheres do seu país que, irritadas, o despedaçaram. A sua cabeça, atirada