Explorador, viajante e agente secreto português nascido na aldeia portuguesa de Covilhã, de onde lhe veio o nome, teve uma vida pontuada de perigos, aventuras e acidentes, a serviço de seu país. Ainda jovem, serviu ao Duque de Medina-Sidonia, em Sevilha. Voltou a Portugal (1475) e passou a moço de esporas e escudeiro de Afonso V, ao lado de quem participou das campanhas que o rei empreendeu como pretendente ao trono de Castela. Com a morte de Afonso V, passou ao serviço de D. João II, como escudeiro, ao tempo das lutas do rei contra a nobreza, como agente secreto na Espanha, onde se homiziavam inimigos do monarca. Poliglota, falava várias línguas de cristãos, mouros e gentios. A grande aventura de sua vida foi a viagem à Etiópia, disfarçado de muçulmano, encarregado por D. João II de estabelecer contato com o Preste João, lendário rei cristão das Índias, cuja aliança todos os soberanos europeus desejavam obter, para o comércio de especiarias e defesa contra as invasões muçulmanas. Em Meca, chegou a penetrar no recinto fechado da grande mesquita. De lá, infiltrado em uma caravana, entrou na Abissínia, de onde nunca mais teve permissão para sair, embora tenha sido bem tratado, constituído família e feito fortuna. Pouco antes de sua morte, foi localizado por uma missão portuguesa, mas preferiu não voltar à pátria, devido à idade avançada.“Viagens de Pêro da Covilhã” da autoria do Conde de Ficalho (reedição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1988; 1ª ed. 1898) é uma obra preciosa que merece ser lida e relida. O autor foi um cientista de mérito, que colocou nas obras que escreveu sempre um grande cuidado e rigor histórico, que neste estudo se nota especialmente. Com efeito, ainda hoje não é possível estudar as viagens de Pêro da Covilhã e de Afonso de Paiva sem ler o Conde de Ficalho e sem recorrer à obra fundamental do Padre Francisco Álvares “Verdadeira Informação das Terras do Preste João das Índias”, livro publicado no reino em 1540, baseado no testemunho pessoal