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Texto adaptado da obra de Charles Dickens
(narradores entram em cena como se fossem uma trupe teatral, que chega em uma praça para contar uma história)
Narrador 1
Marley estava morto, isso para começar a história. Nesse ponto não resta a menor dúvida.
Narrador 2
O registro de seu sepultamento foi assinado pelo padre, pelo ajudante, pelo coveiro e pelo carpidor-mor.
Narrador 3
Quem assinou foi Scrooge: e o nome de Scrooge era uma garantia, um pilar da sociedade.
Narrador 4
E Scrooge, sabia que ele estava morto?
Narrador 5
Claro que sabia. Como poderia ser de outro modo? Scrooge e ele foram sócios durante sei lá quantos anos. Scrooge era seu único testamenteiro, seu único administrador, único mandatário, único legatário residual, seu único amigo e único carpidor.
Narrador 6
O fato de ter mencionado o sepultamento de Marley nos leva mais uma vez ao ponto de partida. Não resta a menor dúvida de que Marley estava morto.
Narrador 7
Esse ponto deve ser entendido perfeitamente, do contrário, nada de esplêndido poderá sair da história que vamos relatar aqui.
Narrador 1
Se não estivéssemos de todo convencidos de que o pai de Hamlet havia morrido antes do início da peça, o fato de ele querer dar uma caminhada sobre as muralhas de seu próprio castelo numa noite de vento leste não teria nada de especial. Seria como qualquer cavalheiro de meia idade que saísse no ímpeto, depois de escurecer, num local um tanto ventoso para, literalmente, estarrecer a cabeça frouxa do filho dele.
Narrador 2
Scrooge nunca tirou o nome do velho Marley da tabuleta. Lá estava ele, anos depois, no alto da porta do armazém: Scrooge e Marley.
Narrador 3
A firma era conhecida pelo nome de Scrooge e Marley. Às vezes os novatos na área chamavam Scrooge de Scrooge, às vezes de Marley, mas ele respondia aos dois nomes: para ele dava tudo no mesmo.
(Enquanto descrevem Scrooge vão vestindo a roupa em um dos narradores)
Narrador 4
Ah, mas aquele Scrooge era um