Bem Juridico Penal e Constituição
*Prof. Ms. MARIVALDO GOUVEIA, teólogo e psicólogo clínico, Especialista em Filosofia Política (UEL – Universidade Estadual de Londrina), Mestre em Ciências da Religião (UPM – Universidade Presbiteriana MACKENZIE).
1.O ambiente grego nos séculos VIII/VII a. C.
Se tomarmos como verdadeira a expressão “a cultura ocidental é grega”, retrocederemos ao século 7º antes da era cristã, ou seja, há aproximadamente dois mil e setecentos anos, para começarmos a compreender como nasce a filosofia. Nesse período tão longínguo a região que conhecemos como a atual Grécia era dominada por uma cosmovisão mitológica, ou seja, cada um dos aspectos da vida cotidiana era governado ou ao menos influenciado por um determinado poder supranatural, encarnado num personagem (deus, mito ou semideus). Podemos conceituar de forma simples o mito como uma representação fantástica (supranatural ou idealizada) da realidade. O deus dos mares Poseidón serve como exemplo. Como Poseidón domina os mares, influencia as tempestades e é capaz de proporcionar uma boa viagem marítima, nada mais natural de que todo navegante ou marinheiro esteja interessado no favor de Poseidón, e assim, esteja disposto a seguir à risca as cerimônias e sacrifícios rituais para agradar essa divindade. O mecanismo é simples: o interessado fornece algo ao mito e o mito ajuda o indivíduo que deseja fazer uma boa viagem. Assim, essa interpretação da realidade circundante através da mediação simbólica do mito, tornava a vida mais confortável, explicava os mistérios, e, portanto, era funcional e exercia um papel importante no cotidiano das pessoas. Apenas um exemplo concreto foi dado, mas, os mitos, ou deuses do panteão grego eram vários: Éolo (controlador dos ventos), Deméter (deusa da agricultura), Afrodite (deusa do amor), Ares (deus da guerra) e literalmente, dezenas de outros, que habitavam o