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O autor Michael Sandel inicia o texto falando sobre as consequências de um furacão que atingiu a Flórida há alguns anos atrás, e com isso fez com que as pessoas questionassem o verdadeiro significado do livre comercio, já que na determinada época, em que a região passava por uma verdadeira crise, alguns comerciantes passaram a cobrar preços abusivos em cima dos produtos essenciais no momento, como sacos de gelo e quartos de hotel, devido à tamanha destruição provocada por tal furacão. No estado da Flórida, já existe uma lei para conter o abuso sobre os preços cobrados pelas mercadorias, e diante disso, surgiram algumas questões sobre o que seria “abuso”, ou “exploração”, quando se tem uma economia livre, pautada na lei da oferta e da procura. Algumas pessoas, críticas dessa lei, sustentam o argumento de que mesmo em situações de crise, não se pode interferir no mercado, ou seja, se há procura, o comerciante tem liberdade para aplicar o preço que bem entender. Diante disso, outras pessoas defendem a ideia de que em momentos como este, os cidadãos devem basear-se em suas virtudes, e com isso, ajudar uns aos outros, rejeitando sentimentos como a ganância, e o desejo de ter vantagem sobre outras pessoas em piores condições. Porém, diante dessa discussão, percebemos que o que na verdade está em pauta, é que a sociedade, em ocasiões semelhantes, deve ou não tomar como princípio suas virtudes? Esta dúvida traz à tona questões importantes: as leis devem ou não basear-se nas virtudes? E o que é virtude?
Diante disso, o autor cita alguns pensadores, como Aristóteles, que defendia que a sociedade deve ser construída e planejada de acordo com o valor do justo e do bom, ou seja, todo círculo social deve ser voltado para o bem-estar da população, de acordo com os princípios e valores desta. Logo após, o autor também cita outros filósofos mais modernos, a exemplo de Kant, que defendiam que as leis não devem ser baseadas em nenhuma concepção de “bom” ou “ruim”, e que uma