Banalidade do mal
Apontado como um monstruoso carrasco nazista, responsável pelo planejamento e operacionalização da chamada "solução final", a figura de Eichmann se apresenta, diante de Arendt como um funcionário pronto a obedecer a qualquer voz imperativa, incapaz de refletir sobre seus atos ou de fugir aos clichês burocráticos. É nesse ponto que Arendt se depara com a confluência entre a capacidade destrutiva e a burocratização da vida pública. Quando, então, do julgamento perante o tribunal de Jerusalém, referindo-se às acusações de crimes contra os judeus, o ex-oficial repetia que era inocente, no sentido da acusação (...) Com o assassinato dos judeus não tive nada a ver. Nunca matei judeu nem não judeu – nunca matei um ser humano. Nunca dei uma ordem para matar fosse um judeu, fosse um não-judeu; simplesmente não fiz isso. A perplexidade maior gerada pelo seu