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À frente da Serasa, Francisco Valim está mudando uma cultura peculiar — tida durante décadas como o segredo de seu sucesso
Por Ana Luiza Herzog | 26.06.2008
Revista EXAME
Ao longo dos últimos 17 anos, a Serasa, maior empresa de análise de crédito do país, teve um único presidente, o paulista Elcio Anibal de Lucca. Ele foi o homem escolhido pelos fundadores, um grupo de bancos como Bradesco e Itaú, para comandá-la a partir dos anos 90. Muitos o viam, porém, como dono da Serasa — não apenas pelo tempo à frente da companhia como pela intensidade com que impregnou suas idéias na gestão. Católico fervoroso, Lucca criou rituais que envolveram os mais de 2 500 funcionários numa cultura particular. Um deles era a celebração anual dos resultados com uma missa na sede da empresa, na zona sul de
São Paulo. Em janeiro deste ano, oito meses após ter tido 70% de seu capital adquirido pela gigante inglesa Experian (os demais 30% permanecem com os bancos), Lucca foi substituído pelo gaúcho Francisco Valim. O novo presidente, que comandava a operadora de TV a cabo Net, tem pela frente a missão de mudar alguns princípios dessa cultura — como deixar a remuneração mais agressiva e dissolver a antiga estrutura da diretoria (veja quadro). “Não quero descontinuar boas práticas, e sim aprimorá-las”, diz Valim, religioso como Lucca — mas seguidor dos preceitos mórmons.
Aos 44 anos, Valim enfrenta uma tarefa diferente daquela com a qual se acostumou ao longo da carreira. Conhecido como hábil reestruturador, ele construiu sua reputação sobretudo nos últimos cinco anos, à frente da Net. Em 2002, ano anterior à sua chegada na empresa, o prejuízo foi de 958 milhões de reais. Quando saiu, em 2007, o lucro líquido alcançou 208 milhões de reais. Desta vez, Valim não tem pela frente uma terra arrasada. Em 2006, o faturamento da Serasa foi de 691 milhões de reais e o lucro superou 103 milhões (os dados de 2007 ainda não foram divulgados). Seu