Autores de livros didáticos de História: produzindo o conhecimento histórico escolar
Produzindo o conhecimento histórico escolar
A crítica consiste em desentocar o pensamento e em ensaiar a mudança; mostrar que as coisas não são tão evidentes quanto se crê; fazer de forma que isso que se aceita como vigente em si não o seja mais em si.
Fazer a crítica é tornar difíceis os gestos fáceis demais. Nessas condições, a crítica – e a crítica radical – é absolutamente indispensável para qualquer transformação.
FOUCAULT, 2004, p. 180
Iniciando com esta citação de Foucault, atento neste trabalho para a necessidade de se ter um olhar crítico sobre o conhecimento histórico escolar e seu processo de produção. Este tema não é de fácil discussão e vem sendo abordado nas pesquisas sobre o currículo e didática nas últimas décadas, mas está longe de ser um caso encerrado. Ainda há muitas lacunas a serem preenchidas. Nesta oportunidade, problematizo, com uma perspectiva crítica sobre a produção do conhecimento, a relação do autor com sua obra, mais especificamente a autoria dos textos didáticos.
O livro didático é um importante instrumento para o ensino-aprendizagem, mas de papel complexo que desempenha ligado aos padrões de poder e capital cultural existentes. Ele expressa influências de políticas públicas de escolarização articuladas com conteúdos de uma organização textual própria para o ensino, facilitando o trabalho docente e buscando que o aluno compreenda o conteúdo através de uma linguagem já didatizada.
Porém, grande parte das pesquisas e das discussões proferidas sobre esse material focaliza sobre seu conteúdo como objeto de estudo para alunos e professores, a contribuição para a formação de professores e o discurso fixado pelos textos didáticos. Procurando estabelecer o olhar crítico proposto por Foucault que procura problematizar o conhecimento não como verdade, mas como uma construção sócio-histórica, entendo que não basta dizer que o livro didático é uma produção. Sendo uma