as mãos dos pretos
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa IV
Professora Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Mariana Vieira Gregorio – 7165417
Análise Literária do conto “As mãos dos pretos” de Luis Bernardo Honwana
As mãos dos pretos está na coletânea de contos Nós matamos o Cão-Tinhoso de 1964, do escritor moçambicano Luis Bernardo Honwana. O conto parte da indagação do narrador – uma criança - de por que as mãos dos pretos são mais claras do que o resto do corpo. A criança vai atrás das suas referências a fim de sanar sua dúvida (o Senhor Professor, o Senhor Padre, o Senhor Antunes da Coca-Cola, a Dona Dores, os livros, sua mãe, entre outros) – referências que são as instâncias superiores a qual pode recorrer. Nessa teia de diálogos, o momento histórico de Moçambique se delineia. Em 1964 a guerra pela independência de Moçambique estoura. O sistema colonial já está nas entranhas burocráticas do país: na religião, na forma de ensino, no sistema de trabalho. Diferente do jovem narrador do livro de contos de João Dias, Godido e outros contos, o narrador de As mãos dos pretos, geração a frente, já vive a plenitude e a decadência do sistema colonialista. Muitas vezes, João Dias, em Godido e outros contos, recorre ao passado pré-colonial como resistência ao processo colonial que se inicia - que criou uma ruptura à vida como se organizava até então neste lugar que nem Moçambique se chamava. Já Honwana, vivenciando outro momento, projeta no futuro a resistência que se anuncia no horizonte: o fim da colonização e a busca pela identidade do moçambicano. É importante destacar a característica de contradiscurso que a ficção narrativa de Moçambique possui desde suas primeiras publicações – que se deram primeiramente dentro de uma imprensa subversiva ao processo colonial. O contradiscurso, segundo M.F. Afonso, é a técnica da reescrita de textos pela periferia