Artigo sobre pesquisa qualitativa - Entrando no Campo da Pesquisa Qualitativa - em português
Norman K. Denzin e Yvonna S. Lincoln
Tradução e revisão
Vinícius F. Costa
A pesquisa qualitativa tem uma história longa nas disciplinas humanas. A sociologia do trabalho (Escola de Chicago), nas décadas de 1920 e 1930, estabeleceu a importância da pesquisa qualitativa para o estudo da dos grupos humanos. Na antropologia, durante o mesmo período, os estudos pioneiros de
Boas, Mead, Benedict, Bateson, Evans-Pritchard, Radcliffe-Brown e Malinowski traçaram os contornos do campo de trabalho, nos quais o observador foi para um ambiente externo para estudar os costumes e hábitos de outras culturas e sociedades (para uma crítica desta tradição, ver Rosaldo, 1989, pg 25-45).
Logo, a pesquisa qualitativa poderia ser empregada em outras disciplinas sociais, inclusive a educação, trabalho social e comunicações. O capítulo de abertura na parte I deste volume, por Vidich e Lyman, apresentam as principais características desta história.
Neste capítulo, faremos uma breve introdução do campo da pesquisa qualitativa e em seguida a história da pesquisa qualitativa nas disciplinas humanas, de modo que esse volume e seu conteúdo possam ser compreendidos em seu momento histórico adequado: O conceito será apresentado em quadros para a leitura do ato de pesquisa qualitativa como multicultural, em processos de gênero. Nós, então, forneceremos uma breve introdução aos capítulos que se seguem.
Questões de definição
A pesquisa qualitativa é um campo que requer uma investigação em seu próprio direito. Pois perpassa por variadas disciplinas, campos e matérias do
conhecimento1. Uma complexa família de termos interconectados, conceitos e suposições em volta do termo pesquisa qualitativa. Elas incluem tradições associadas com o positivismo, pós-estruturalismo e muitas perspectivas de pesquisa qualitativa ou métodos ligados a estudos culturais interpretativos (os capítulos da Parte II abordarão melhor esses paradigmas).