calculo III
M ENGA LÜDKE*
Para ensinar há uma formalidadezinha a cumprir – saber.
(Eça de Queirós)
RESUMO: O trabalho se propõe analisar as relações entre saber docente e pesquisa docente, confrontando dados de uma pesquisa sobre o tema com reflexões oferecidas pela literatura atual disponível. Focaliza especialmente a idéia do professor-pesquisador e o tipo de pesquisa “próprio” do professor, assim como os problemas levantados pela sua comparação com a pesquisa acadêmica em educação.
Palavras-chave: saber docente, pesquisa docente, formação do professor, professor pesquisador
Introdução
Tendo-se completado um século da morte do grande escritor Eça de Queirós, sua sabedoria continua a nos inspirar, pelo conhecimento que tinha da alma e dos costumes humanos e pela capacidade de expressá-lo em sua obra, como é próprio aos bons romancistas. Esse é o seu saber. Quando se trata do trabalho do professor, qual é o tipo de saber que o caracteriza? Qual é seu próprio? O que entra em sua composição? Como se desenvolve?
Não há dúvidas de que, como grupo profissional, os professores compartilham de um mundo comum vivido, onde reside um reservatório cultural, que torna possível a integração de cada indivíduo, geradora de identidade grupal, como nos ensina Manfredo Araújo de Oliveira, ao comparar saber popular e saber científico (Oliveira, s.d.). Em contato cres-
* Professora titular e pesquisadora do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). E-mail: menga@edu.puc-rio.br
Educação & Sociedade, ano XXII, nº 74, Abril/2001
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cente com esse reservatório comum se desenvolve a socialização do indivíduo, tanto no grupo social dentro do qual nasce e cresce, como no grupo ocupacional, ao qual procura pertencer em sua vida ativa de trabalhador. É o processo de socialização profissional que dá conta da integração ao grupo ocupacional.
No caso do professor, o processo de