Antropologia
Cap.14 Duma vida agitada ao silêncio criativo
Duma vida agitada ao silêncio criativo
O homem é um ser espicaçado pela curiosidade. Talvez mesmo a curiosidade possa considerar-se a mãe da ciência. Mas a curiosidade, pode assumir formas proveitosas, ou mórbida, ou mesmo nocivas. De qualquer forma, o homem é um animal ávido de noticias, sempre ansioso por aumentar os conhecimentos. Já dizia o sábio Aristóteles, lacónica e solenemente, que o ser humano é dotado do desejo natural de conhecer.
A cultura da imagem e do som tornaram-se omnipresentes na vida, criando modelos de pensar, de sentir, de proceder e de viver. A palavra e o silêncio são dois elementos fundamentais na biografia de qualquer homem. Sem palavra articulada ou insinuada através do gesto, não conseguimos dizer nada. Mas sem silêncio não há nada para dizer.
Entre os principais filósofos gregos, o silêncio era considerado como sabedoria. O silêncio supõe o encontro prévio de alguém consigo mesmo, para poder depois relacionar-se com o outro que visita o homem no grande encontro.
Como homem profundo e essencial, Francisco teve a perfeita intuição de como eram essenciais e profundos o silêncio, a soledade, a reflexão e a meditação. Seria inconcebível uma bibliografia de Francisco sem referência ao silêncio. Nesse homem, silêncio e palavra encontram-se tão perfeitamente amalgamados, que fizeram dele uma figura excepcional.
No pensamento filosófico-teológico de S. Boaventura, palavra e silêncio constituem dois momentos essenciais na dialética da clarificação da verdade e no movimento ascensional para o bem supremo.
Descobrir o sentido da palavra, segundo a interpretação ontológica da doutrina de S. Boaventura, da verdade que se manifesta, significa dar à linguagem a sua estrutura profunda e sagrada, de que falava S. Francisco ao recomendar que fossem “ vivificados pelo espirito da palavra divina, não atribuindo ao corpo tudo o que sabem ou