Antropologia
O grande antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, no seu tex- to Raça e História (1975), relata uma história vivida pelos coloniza- dores e os índios americanos que mostra claramente como ambos os grupos estavam interessados buscando entender esse outro. No mo- mento da descoberta, a pergunta que os colonizadores e os índios es- tavam se fazendo era sobre se os outros eram homens. Os coloniza- dores buscavam a resposta a partir da existência da alma nos ditos selvagens; isto é, se tem alma então são homens. E os índios busca- vam na resposta no corpo, afundando os corpos dos europeus mortos na água para observar se acontecia o mesmo que com os corpos dos índios; se apodrecer, como eles próprios, podiam concluir que também eram homens. O que essa anedota nos mostra é que a curiosidade mo- via, e ainda move, os homens quando se encontram com aqueles que são diferentes.
Quando no Século XV as fronteiras do mundo se ampliaram radicalmente, esses outros começaram a estar mais presentes. O con- tato que a cultura européia estabelecia com a cultura dos outros, dos índios, fazia necessário que se pensasse sobre como cada um vivia no mundo. Assim, não faltaram pensadores que se puseram a pensar a diferença entre os homens.
Se a Antropologia é a ciência humana e social que busca conhe- cer a diferença e alteridade, então estudá-la pode nos fazer compreen- der que, longe de haver somente uma