Antropologia como gênero
EM TRÊS AUTORES.
André Augusto Brandão* Resumo: Este artigo objetiva discutir o problema da “autoridade etnográfica” como elemento geral que dá corpo ao discurso antropológico e condiciona a forma final deste. Partindo das proposições de James Clifford (1998) e guiados por suas hipóteses, investigamos as “estratégias de autoridade” desenvolvidas em Geertz (1978 e 1999) e
Abu-Lughod (1993), para então verificar a dificuldade de estabelecer separações absolutas entre o que seria factual e o que seria alegórico nas produções científicas da antropologia. Palavras-chave: Antropologia; Etnografia e Teoria Antropológica 1. A autoridade etnográfica entre o experiencial e o interpretativo
Se aceitarmos a afirmação de que a etnografia é a base para a constituição da identidade da antropologia social como disciplina científica, podemos compreender a importância que Clifford (1998) atribui ao que chama de “autoridade etnográfica”. A definição desta autoridade – longe de afirmar procedimentos metodológicos específicos que legitimam uma ciência – se refere as estratégias desenvolvidas no campo da retórica através das quais o antropólogo se constrói enquanto o autor no texto. E no mesmo movimento a esse texto é atribuído (do ponto de vista do conhecimento científico) uma validade e legitimidade acerca da representação de um contexto sócio-cultural determinado.
As “estratégias de autoridade”, portanto, colocam condicionamentos precisos na formação do texto etnográfico e portanto no tipo de representação possível de ser feita a partir de experiências de trabalho. Para discutir a autoridade etnográfica, Clifford (1998) parte do clássico. Vai a Malinowski, em seu fundamental “Os argonautas do pacífico
Ocidental”. Clifford (1998) vai sublinhar a importância de Malinowski para a fundação de um modelo de autoridade antropológico que será hegemônico na primeira metade do