Antropologia - questões de gênero na literatura infantil
É inegável o importante papel da literatura no desenvolvimento cognitivo dos leitores e, em especial, das crianças, uma vez que lhes auxilia no processo mental que é desenvolvido por meio da linguagem, na expressão do pensamento por meio da linguagem oral e no surgimento das imagens mentais a partir do momento em que a criança passa a nomear tudo que existe a sua volta (como por exemplo, os objetos, personagens e situações presentes nas histórias). As histórias falam diretamente à alma das crianças. Proporcionam conforto, esperança. [...]. Ajudam a elaborar os sentimentos negativos tão comuns da primeira infância como medo, frustações, abandono, rejeição, etc. (ROSSINI, 2012)
Contudo, as histórias infantis, em sua maioria, trazem uma série de valores implícitos em seu enredo. Tais valores podem ser debatidos no âmbito moral, social, racial, econômico, de gênero, etc.
Os aspectos embutidos nos contos infantis a serem considerados neste trabalho são inerentes à questão de gênero e, principalmente, as questões ligadas ao papel das mulheres enquanto personagem de tais narrativas, a fim de compreender, segundo Laplantine, como “a imagem que o ocidental se fez da alteridade (e correlativamente de si mesmo) não parou, portanto, de oscilar”, também na forma de construir um olhar sobre o universo feminino ao longo dos tempos.
PAPEL FEMININO NOS CONTOS INFANTIS
“Os critérios utilizados a partir do século XIV pelos europeus para julgar se convém conferir aos índios um estatuto humano, além do critério religioso” (LAPLANTINE, p. 28), parecem ser os mesmos usados nos dias atuais para conferir a um ser da espécie humana fêmea o status de “mulher”. Tais critérios são a aparência física, comportamentos alimentares e a inteligência.
No século XVII surgiram os contos de Charles Perrault que tinham como principais objetivos preservar os temas mitológicos da