Complementar II
“Em face da abordagem interdisciplinar que caracteriza este I Seminário 'Família e Educação: uma questão em aberto', minha intenção é falar da contribuição da Antropologia para os estudos da família, naquilo que ela tem de mais específico, no instrumental que a Antropologia trouxe para pensar a família diferentemente de outras disciplinas. Quero esclarecer, em primeiro lugar, que não farei um panorama da contribuição da Antropologia, porque seria muito extenso; quero apenas destacar um aspecto que acho muito operacional para se pensar a família hoje, e que para mim, particularmente, ajudou muito quando me deparei com essa literatura. Eu me refiro à contribuição da antropologia para pensar a ‘desnaturalização’ e a ‘desuniversalização’ da família, dessa família que nós conhecemos em nossa sociedade. A contribuição da antropologia é ímpar nessa questão, porque, ao tomar como objeto de estudo sociedades organizadas diferentemente da nossa, foi mais fácil um deslocamento e um estranhamento em relação à aparente ‘naturalidade’ da família em nossa sociedade.
Hoje em dia, a antropologia estuda também as diferenças na nossa própria sociedade, mas foi uma disciplina que se constituiu a partir do estudo de sociedades diferentes da nossa, construindo seu objeto de maneira distinta da psicanálise e da sociologia.
A contribuição da antropologia para o estudo da família está principalmente na discussão sobre o parentesco. É sua contribuição básica. O parentesco é um objeto fundamental da antropologia, próprio da sua constituição como disciplina, porque as sociedades tribais, objetos de seu estudo, eram sociedades sem estado e se regulavam pelo parentesco. As monografias clássicas da