Ana terra
"Ali na estância a vida era triste e dura" (Ana Terra, p. 7)
A história de Ana Terra se desenvolve em meados do século XVIII e XIX, no interior do Sul do Brasil, em uma das estâncias da então capitania do Rio Grande de São Pedro. O cenário rural, pacato e hostil não surpreende, o leitor do romance de Érico Veríssimo, visto que são tempos de desbravamento e de guerras territoriais, nos quais ganham destaque os bandeirantes, os índios e também os castelhanos: os espanhóis que restavam ainda no território gaúcho e lutavam por ali permanecer.
Ana Terra, moça de 25 anos de idade, bonita e trabalhadeira, vai aos poucos, por meio do discurso indireto livre, ou seja, do revesamento sutil entre narrador em primeira e terceira pessoa, revelando os males do local e as suas insatisfações pessoais. Vinda de São Paulo para que o sonho de seu pai, que herdou do avô de Ana terra o anceio de viver no campo e para o campo, fosse realizado.
Desde o primeiro capítulo, a personagem demonstra grande pesar por ter sido obrigada a acompanhar a família para aquela estância e por isso sonha em se mudar para onde haja moças, rapazes, comércio... em outras palavras, onde haja vida para uma mulher da sua idade, repleta de energia e de desejos.
Não diferente encontran-se seus dois irmãos Horácio e Antônio, e até mesmo a sua mãe, Dona Henriqueta, que mesmo cansada também prefere a vida na cidade, mas, assim como os demais, procura se conformar com a escolha do patriarca, que tem sempre a palavra final.
Maneco Terra, ao contrário, vê no campo a esperança de encontrar a dignidade que lhes é negada no centros urbanos, vê a possibilidade de ser alguém numa terra de ninguém, já que nas cidades predomina o descaso e a injustiça de classes: "Lá só valia quem tinha um título, um posto militar ou então quem vestia batina. (...) O resto, o povinho, andava mal de barriga, de roupa e de tudo" (p. 42)
A vida no campo
"Sempre que acontece uma coisa importante está