Ana Terra
Érico Verrissímo
Ana Terra descobre nas terras de seu pai, Maneco Terra, um índio ferido de pele relativamente clara (Pedro Missioneiro). Olhando com desconfiança pelos Terra, o índio se recupera e acaba permanecendo na fazenda como uma espécie de agregado. Surpreende a todos com suas habilidades campeiras, com seu repertório de histórias e lendas e com sua capacidade de tocar flauta. Na primeira vez que Pedro executa uma música, Ana é tomada de grande emoção: “Sentiu então uma tristeza enorme, um desejo amolecido de chorar. Ninguém ali na estancia tocava nenhum instrumento. Ana não se lembrava de jamais ter ouvido música naquela casa.” ·. A solidão de Ana Terra e o desejo que atormenta seu corpo levam-na a desenvolver uma paixão pelo estranho: “E ali, no calor do meio-dia, ao som daquela musica, voltava-lhe como nunca o desejo de homem. Pensava nas cadelas e tinha nojo de si mesma.” Até porque, por fim, ela termina por se entregar ao missioneiro desses furtivos encontros amorosos que resultou na gravidez da moça, descoberta pela mãe e pelo pai, que escondido escuta a confissão de Ana para sua mãe. Em seguida, Horácio e Antônio, irmãos de Ana, arrebatam Pedro Missioneiro e carregam-no para o ermo afim de assassina-lo, confirmando a visão do próprio índio, que viu em sonho, sua morte. Pedrinho (Pedro Terra) nasce e a exemplo de sua mãe, recebe total desprezo do avô, Maneco e dos tios criminosos. Ana tem o coração definitivamente seco em relação a seus familiares. A única pessoa que estima é a mãe, D. Henriqueta. E quando esta morre Ana não tem pena, por que: “a mãe finalmente tinha deixado de ser escrava.”. Alguns anos mais tarde, o avô se reconcilia com o neto, por ocasião do plantio do trigo, antigo sonho de Maneco Terra. Sonho de que o menino compartilha emocionadamente. Um ataque de bandidos castelhanos termina com a permanência de Ana Terra na fazenda do pai. Antes do massacre, ela esconde o filho, a cunhada