Afinal, quem pode ser calvinista
Dias atrás fui criticado por ser Calvinista e Anglo-católico. Então me ocorreu a pergunta que serve de título dessa reflexão. Quem, afinal, pode ser Calvinista? Alguns desinformados pensam que o Calvinismo seja uma seita, algo capaz de retirar da rota da salvação o impenitente que a ele adere; que seja incompatível com determinadas denominações. Geralmente essas estultices provêm de quem não tem qualquer conhecimento do que se convencionou chamar no meio teológico de Calvinismo. De quem jamais se dedicou a conhecer a vida e a obra do grande teólogo João Calvino. Algo do tipo, não li e não gostei. Calvino é considerado ao lado de Lutero um dos maiores reformadores da igreja. De grande erudição e pleno conhecimento das línguas bíblicas, foi destacado político e também publicou trabalhos na área da educação pública. Sua maior contribuição foi sem dúvida um tratado teológico conhecido como “As Institutas”. Essa extensa obra cobre praticamente toda a Bíblia, constituindo-se num dos mais exaustivos trabalhos de uma só pessoa em todos os tempos no campo religioso. Calvino teve um seguidor, Arminius, que mais à frente divergiu do mestre em alguns pontos de sua teologia. Esses pontos foram notabilizados pela sigla inglesa “TULIP” (tulipa), cada uma das letras da palavra referindo-se a um dos cinco pontos divergentes entre Calvino e Armínius. De toda a extensa sistematização teológica que representa o legado de Calvino, esses pontos nem deveriam ser tão importantes. De fato quem conhece um pouco da obra de Calvino se defronta com um sistema absolutamente bíblico, cujo cerne é a maravilhosa doutrina da soberania de Deus sobre todas as coisas, e não a doutrina da predestinação, com a qual os incautos relacionam diretamente a contribuição de Calvino, reduzindo-a a um nível intolerável. O que estamos querendo dizer é que as doutrinas da eleição e da predestinação são consequências e não causas da doutrina da soberania divina.