estudante
#$+0)1.2&1$+'&32)4"42&'5+0"+61.'&+7)"8"9"&
!"#$%&'("))"'*$&+,-'./0(123
Resumo: Examina-se a construção do ethos discursivo em texto de Oscar
Niemeyer, à luz da noção de cenografia. A cenografia é abordada a partir da identificação da figura de um fiador (que emerge da relação entre autor e leitor), assim como das validações do discurso. Argumenta-se que são as fissuras do discurso que sustentam a proposição teórica do autor, recuperável no texto. Essa teoria está centrada na incorporação do vazio ao espaço arquitetural, mas também no caráter corpóreo da arquitetura. E esse é enfatizado pelas imperfeições do traço dos desenhos que permeiam o texto
– a escritura estética – que também veiculam a corporeidade do fiador.
Palavras chave: Oscar Niemeyer; cenografia; teoria da arquitetura; escritura.
:#4&$02;$1*+()'0$&+"+."#$%&'()'
A noção de ethos, oriunda da retórica aristotélica, implica que a capacidade de persuasão do discurso não decorre somente do que é dito, depende também da imagem do locutor, da impressão que ele produz em seu auditório, com a finalidade de obter sua adesão. Maingueneau elabora essa noção, enfatizando seu laço crucial
* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos/Faculdade de Letras.30 • Programa de Pós-Graduação em Linguística Faculdade de Letras/UFRJ com a reflexividade enunciativa e a relação entre corpo e discurso. Nessa acepção, o ethos está fundamentalmente ligado ao tom particular do discurso, a partir do qual se pressupõe uma vocalidade indicativa de certa corporeidade do enunciador, ou, mais precisamente, o corpo do fiador do discurso. O fiador (ou garante) é a instância subjetiva que emerge da leitura do texto. Encarnado no texto, o fiador vincula leitor e autor, mas também o autor à sua obra e ao seu tempo e espaço, já que esse corpo enunciante é historicamente determinado.
O fiador vai sendo construído pelo leitor a partir de indícios textuais,
adquirindo