Adorno - indústria cultural
A cultura contemporânea a tudo confere um ar de semelhança, desde os projetos urbanísticos até industrial cultural, impondo o poder dos economicamente mais fortes sobre toda sociedade e mostrando a falsa identidade do universal e do particular.
Todas as condições de produção de cultura de massas são idênticas, os meios técnicos empregados são uniformes, as diferenças são evidenciadas e difundidas dissimuladamente e as qualidades e desvantagens servem para demonstrar uma aparente concorrência e possibilidade de escolha.
Os produtos da indústria cultural que registram a realidade social são produzidos pelo mesmo processo técnico de trabalho. O cinema, as revistas, o rádio, a televisão, a música se auto definem como indústrias, moldando da mesma maneira o todo e as partes, padronizando a cultura que antes era arte e agora é técnica produzida como mercadoria. Essa padronização, aceita sem resistência resultaria na falta de autonomia dos indivíduos, e na sua dominação inconsciente. Isto ocorre porque o indivíduo está incluído numa sociedade em que seu senso crítico não tem importância.
Ao assistir um filme, o indivíduo é levado a se preocupar mais com o entretenimento, com os atores e personagens, do que com as características ideológicas transmitidas. A produção de um romance já tem em mente o filme até seus efeitos sonoros, desde o começo é possível saber como um filme terminará, quem será punido ou recompensado, até a música o ouvido acostumado consegue adivinhar e sente-se feliz ao ouvi-la. O entretenimento seria uma extensão da dominação, de forma inconsciente, no tempo livre, no momentos de lazer, atuando enquanto desvio de atenção e do pensamento do indivíduo.
Cada produto da indústria cultural, ou seja cada filme ou transmissão radiofônica, é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que mantém tudo sob pressão, tanto no trabalho quanto no lazer, que serão espirituosamente e distraidamente consumidos.