Adequação, coerência e coesão
1.1 A adequação é a propriedade da textualidade que dá conta da relação do texto e do seu contexto e de como o texto, como unidade comunicativa, se interpreta em relação a uma série de elementos extralinguísticos como sejam os interlocutores, a relação entre ambos, o espaço e o tempo da enunciação, a intenção comunicativa, o mundo compartilhado, o papel e o lugar social. Estas variáveis são relevantes porque a sua correta consideração implica decisões linguísticas no campo da coesão. De especial importância é o que diz respeito aos saberes compartilhados entre emissor e receptor.
1.2 A coerência exige que se abordem os enunciados como discursos. Cada enunciado é produzido com a intenção de comunicar alguma coisa a alguém. Este acordo tácito é consubstancial à atividade verbal e pressupõe um saber mutuamente partilhado. Cada um — . (receptor e produtor da mensagem) postula e se conforma a estas regras que não são obrigatórias e inconscientes (como as da sintaxe e as da morfologia) mas convenções tácitas. Estas “leis do discurso”, que regem a comunicação verbal e que se lhe aplicam, devem adaptar-se às especificidades de cada gênero discursivo (por exemplo: falar em tom professoral pode ameaçar a face positiva do interlocutor) e de cada protótipo textual (um texto argumentativo opinativo mobiliza mais inferências que um texto narrativo). O fato de todo o enunciado ser modalizado pelo enunciador mostra que o discurso só pode representar o mundo se o enunciador, diretamente ou não, marcar a sua presença através do que ele diz. Tendo em conta todos estes fatores enunciados, a coerência sustenta-se nas seguintes propriedades: - tema do texto (de que é que o texto fala) - informação (qual a informação selecionada) - organização da informação (qual o protótipo textual e qual o gênero discursivo) - progressão temática (relação entre a informação