é anterior á minha mágoa
É interior à minha mágoa
A alegria do dia claro...
Oh nudez trémula da água...
Porque me sinto eu desolado
De haver tanta calma e alegria
E nenhuma em meu ser cansado...
Acaso não me bastaria
Olhar a alegria da terra
E ser alegre como o dia? Ah, ensina-me, ó Natureza,
A dar minha alma inteiramente
À calma da tua beleza
A não ter alma salvo a hora
A pertencer-te, ampla alma rente
À tua alma geradora 1
Qualquer coisa que não seja esta
Agonia do pensamento
Que é o que do meu ser me resta...
Sopra, sopra, sopra, vento...
Grande invisível alma em festa...
Que há entre mim e o momento?
1. Explicita a relação antitética que se perceciona nas três primeiras estrofes.
R: A natureza apresenta-se conotada euforicamente (“dia claro”); “nudez trémula da água”; “calma” e “alegria“ que envolvem a “terra”. Por outro lado, o “eu poético” encontra-se em total oposição a essa tranquilidade que o rodeia, (“mágoa”, “desolado”; cansado”).
2. Justifica o recurso à apóstrofe ao longo do poema.
R: Com a apóstrofe (“Oh nudez trémula da água ... “; “Ó natureza” e “vento”), o sujeito poético interpela a Natureza, de forma a obter respostas para sua inquietação, concretizando pedidos que possam, de alguma forma, atenuar a sua dor existencial.
3. Apresenta três traços caracterizadores do sujeito poético, fundamentando-te no texto.
R: “Desolado” e “cansado” (2ªestrofe) e atormentado pela “agonia do pensamento”, que não o deixa viver tranquilo.
4. Propõe uma possível relação entre o v.10 e os que se seguem até ao verso 18.
R: O verso 10 traduz um pedido do sujeito poético dirigido à Natureza; os versos 11-18 completam o décimo, destacando-se os elementos que fazem parte da aprendizagem que o “eu” necessita de adquirir.