Ônibus 174

Cidadão Invisível
O documentário aborda o episódio de uma forma que nos faz pensar sobre os vários lados do ocorrido. De um lado, Sandro como bandido, do outro, como vítima da invisibilidade. Partindo daí, vemos a polícia com um sistema falho, a mídia, que promoveu o “espetáculo”, e por último, a falta de socialização com os meninos de rua famintos para vencer. Ao longo do documentário podemos ver como foi a vida de Sandro, facilitando o entendimento da situação em que ele estava e ao longo da sua biografia, mudando a impressão inicial que temos dele, de um bandido igual a outros para um garoto de rua que ansiava apenas por ser visível e ter oportunidades para crescer. Sandro, de certa forma, acaba sendo um exemplo para outros meninos invisíveis, pois eles querem ter o que Sandro teve, visibilidade, mesmo que tenha sido de um jeito trágico, mais ele mostrou que com uma arma, pode sim ser reconhecido e ainda passar o sentimento de medo para que tudo acontecesse do jeito dele. Toda revolta dele devia-se a isso, uma sociedade em que pessoas pisam, matam e tratam meninos de rua como marginais, garotos que não tiveram opções melhores a não ser de estar ali, longe de casa e dos pais jogados a própria sorte, ou por ter visto a mãe e seus amigos morrerem por quem devia proteger.
Com tudo, vemos também a ação falha e despreparada da polícia do Estado do Rio de Janeiro em ter deixado várias brechas, permitindo que o caso tivesse mais repercussão por causa destas. Falta de comunicação adequada entre eles que se comunicavam por mímicas e gestos; à intervenção do estado à todo momento nas negociações, não queriam a execução do Sandro pois havia muitas pessoas assistindo as transmições ao vivo na televisão; o isolamento parcial da área e poucos policiais, o que possibilitou a entrada da população e de vários jornalistas chegando cada vez mais perto, deixando que Sandro tornasse ali a sua hora de ser visível fazendo o seu espetáculo, aproveitando o acuamento dos policiais