Ítalo calvino - uma onda
Interessei-me muito pelo texto apresentado em classe. Palomar, nome do personagem principal, é também o nome do instituto de observação astronômico que por tempos ostentou o maior telescópio do mundo. Nesse caso, o Senhor Palomar, em verdade, funcionava como um grande telescópio observador, só que ao reverso: via as coisas de perto e procurava, por meio delas, entender o universo (ao contrário do telescópio, que tenta entendê-lo a partir da observação de grandes e distantes estrelas e galáxias).
Durante a leitura, relacionei várias passagens do texto a outros autores que tematizam teorias de leitura e outros, como Kuhn e Feyerabend, que discutem questões epistemológicas. Logo no segundo parágrafo, o Sr. Palomar vê a onda “crescer, aproximar-se, mudar de forma e de cor, revolver-se sobre si mesma, quebrar-se, desfazer-se”, e essa perspectiva de leitura da onda pode ser aproximada de uma leitura discursivo-desconstrutivista, na qual “rompemos a linearidade do texto, transgredindo-o, desfazendo-o” (passagem de “Leitura: múltiplos olhares”) para que assim o refaçamos, inserindo-nos, evolvendo-nos, e, portanto, produzindo sempre uma nova leitura, que afinal, é o que a personagem faz em suas diferentes tentativas de ler a onda, com seus diferentes métodos.
Também no segundo parágrafo, constata que é difícil isolar o objeto que observa (e que quer eliminar “sensações vagas” que atrapalhariam o objetivo “limitado e preciso”). Penso que temos aqui uma crítica ao método formalista de análise das ciências humanas, uma vez que é difícil separar o objeto de seu contexto, como os formalistas propunham, e como a personagem constata posteriormente. A tentativa de isolar a onda pode, também, ser relacionada à tentativa de isolar um enunciado do texto de que faz parte, ou do próprio contexto dialógico, pois Bakhtin explicita que qualquer enunciado inevitavelmente se orienta por outros.
A passagem: “cada onda é