O xadrez das cores
Maria contratou Cida como sua empregada e cuidadora. No entanto, apesar da eficiência e da honestidade de Cida, Maria a tratava com xingamento, palavras ofensivas e discriminatórias, preconceituosas. Enfim, a função de Maria era a de humilhar sua funcionária, apenas porque ela era negra. Tudo que Cida fazia, e fazia muito bem, não era suficiente para fazer de Maria uma pessoa mais humana, menos intolerante. Mesmo nos momentos de diversão era perversa, racista. Não sabia ela que o seu único divertimento seria o instrumento de libertação de Cida e dela própria – o xadrez.
Maria gostava de jogar xadrez, mas não tinha companhia, ela sempre pegava o jogo e ficava manuseando as peças, sem com quem jogar. Cida observando a atitude de sua patroa, ela procurava ajudá-la, mas não sabia como porque ela não sabia jogar xadrez. Então ela pediu a senhora para lhe ensinar. Maria aborrecida lhe ensinou, mesmo por que era a única forma de ela não se divertir um pouco. A empregada aprendeu o jogo e passou a ser parceira de Maria sempre que ela queria jogar. No entanto, a mulher usava o jogo para discriminar sua empregada. Durante as partidas, ela só ficava com as peças brancas, enquanto que para Cida lhe cabia as peças negras. Como Maria tinha mais habilidades com o xadrez, ela sempre ganhava e toda vez que comia uma peça - a negra – jogava-a no balde de lixo, representando o ódio pelos negros. Aquela atitude era como se estivesse jogando Cida no lixo.
Um dia Cida comprou um jogo de xadrez. Em casa, enquanto manipulava as peças, observou as crianças da comunidade, onde ela morava brincando. Então resolveu fazer do xadrez uma saída para que aquelas crianças não vivessem a situação