O TRABALHO COOPERATIVO NUM CONTEXTO DE SALA DE AULA
O trabalho cooperativo num contexto de sala de aula (*)
ELSA FERNANDES (**)
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem vindo a ser reconhecida a grande importância das interacções sociais no desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Esta ideia parece ter uma certa correspondência ao nível dos novos programas de matemática. A aprendizagem da matemática começa a ser vista como um processo construtivo e interactivo de resolução de problemas.
O conceito de aprendizagem tem sofrido evoluções significativas ao longo dos anos. A reformulação de teorias de aprendizagem da Matemática tem tido grandes contribuições de estudos da cognição matemática em contextos sócio-culturais (Abreu, 1995). A perspectiva piagetiana da cognição humana enquanto construção individual e a perspectiva vygotskiana da cognição humana enquanto construção sócio-cultural, marcaram o desenvolvimento nesta área. Mas o facto de se reconhecer (Steffe, 1996) que a influência de Piaget foi maioritariamente psicológica não significa que Piaget não incluiu as interacções
(*) Este artigo insere-se no Projecto Trabalho Cooperativo num Contexto de Sala de Aula, financiado pelo Instituto de Inovação Educacional.
(**) Universidade da Madeira.
como princípio básico na sua epistemologia genética. Sem pensarmos em interacções a teoria de
Piaget seria incompreensível, pois Piaget (1964,
p. 10), aponta como principais factores para o desenvolvimento, os seguintes quatro:
«Primeiro de todos, maturação (...), segundo, o papel da experiência, dos efeitos do ambiente físico nas estruturas da inteligência; terceiro, transmissão social, no sentido amplo (transmissão linguística ou educacional, etc.); e quarto, um factor que muitas vezes é negligenciado mas que parece ser fundamental e mesmo o principal factor. Eu chamo-lhe equilibração ou se preferirem auto-regulação. (...)
O terceiro factor é fundamental. Eu não nego o papel de nenhum destes