o Simbolo na poesia
Ao analisarmos a obra Estátua, de Camilo Pessanha temos que verificar as palavras que desconhecemos e ir caminhando até a procura da essência do conteúdo e da forma. A literariedade apresentada por Camilo Pessanha se apresenta pelo uso incomum de uma comparação: "eu sou um ser humano, assim como você é uma estátua e, em razão dessa diferença, nós não podemos nos comunicar, apesar de toda a minha tentativa". A Estátua chega a nos parecer uma esfinge, cujo segredo não se abre ao herói/vítima que, após muita luta, se cansa e desiste de decifrar o enigma e, com isso, conquistar o mundo. Em "Estátua", percebemos inicialmente a ausência do artigo ( "Estátua", ao invés de "A Estátua"), o que generaliza a visão de mundo do poeta por meio de uma supervalorização da palavra. Podemos estender essa afirmação: estátua são todas as pessoas que não são o próprio "eu" do poeta e com quem ele tem dificuldade de se comunicar. Há, portanto, um vazio entre o seu mundo interior e o mundo exterior, ao qual ele não alcança e não atinge, não consegue obter reações e diálogo. É, em suma, a procura do outro, para melhor ver a si mesmo, ou, até, por estar cansado de dialogar consigo mesmo. Passemosa compreender alguns dos significados da expressão Estátua: a) peça de escultura, em três dimensões, que representa figura inteira de homem, mulher, divindade ou animal. b) (fig.) pessoa imóvel, parada, impassível. c) (fig.) pessoa incapaz de decisão ou arbítrio. d) (fig.) Imagem, figura, representação, símbolo. e) (fig.) fam. pessoa sem ação ou movimento, sem expressão.
O poema em análise, como parte do todo, é uma expressão também velada de uma realidade: um eu-poético que procura comunicar-se. O objeto de comunicação - a estátua - pode ser lida de diferentes maneiras: sentido real: alguém tentando desvendar o segredo de uma estátua - é o estranhamento que caracteriza a literariedade desse texto, portanto, não há possibilidade de uma análise desse aspecto; no