Analise da obra bagagem
DE BAGAGEM DE ADÉLIA PRADO
Letícia Raimundi Ferreira
Curso de Mestrado em Letras
Universidade Federal de Santa Maria
TEORIAS SOBRE O IMAGINARIO: BACHELARD E DURAND
Gaston Bachelard, em diversas obras filosófico-poéticas, valoriza a imaginação como um processo mental criador que dinamiza todo o saber humano; e, em especial, valoriza-a como invenção que organiza as obras de arte. Arte é imagem, e o mundo da arte é o mundo imaginário.
Em sua concepção, a imaginação se desdobra: é uma força primitiva, agente essencial da percepção, e é uma capacidade secundária – a fantasia – que age ao nível da vontade consciente, deformando e recriando as imagens primeiras.
Em suas obras iniciais sobre a filosofia da criação artística, o autor vê a atividade da imaginação como condicionada por causas profundas. Mas já nessas obras - A psicanálise do fogo e A água e os sonhos - a imagem é definida como fenômeno de dupla realidade, psíquica e física, e como meio de aproximação íntima entre o ser imaginante e o ser imaginado. Bachelard intui que o processo de constituição da imagem é analógico, intrinsecamente motivado, ou seja, é sempre simbólico.
Considerando que as imagens recorrentes na psique humana são provenientes de núcleos ligados aos quatro elementos cosmológicos - o fogo, a água, o ar e a terra propõe um estudo desses núcleos imagísticos. O símbolo é visto, assim, enquanto veículo de um único significado, oculto, originado em pulsões primitivas, configurado em objetos materiais.
A partir de O ar e os sonhos (1943), reconhecendo que na motivação simbólica todo elemento material é bivalente, o filósofo atribui maior importância à mobilidade específica das imagens que à sua constituição. Medita, então, sobre o trajeto contínuo e reversível do real ao imaginário, sobre a deformação que a fantasia opera nas imagens percebidas. A poética do espaço (1957) contém um novo ajuste metodológico. Bachelard
afirma