análise e resumo da obra Bagagem
(de Adélia Prado)
Nos anos 1960, os conceitos artísticos brasileiros se consagraram, com fortes rasgos políticos, fazendo florescer artistas comprometidos com causas sociais, na chamada arte do engajamento. Assim, o cinema viu o surgimento do chamado “cinema novo”, com amplo destaque para o baiano Gláuber Rocha. O teatro solidificava sua participação no contexto social, e importantes grupos se manifestavam pelos quatro cantos do país: o Arena e o Oficina, em São Paulo, e o Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. A televisão facilitou a popularização da música, e nomes importantes como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e
Gilberto Gil se tornaram modelares para a juventude, notadamente politizada. O Tropicalismo aparece como um movimento de resgate aos valores culturais brasileiros, baseados na miscigenação cultural. A poesia ganha contornos musicais, e seus autores se destacam como compositores e cantores ou mesmo como poetas.
O regime militar ocorrido no início de 1964 barra o ímpeto artístico nacional, principalmente a partir de 1968, quando foi decretado o AI-5, que impunha a censura aos meios de comunicação brasileiros. O cerceamento à liberdade criadora impediu a evolução artística iniciada nos anos 1940 e 1950. Os artistas que ainda se mantinham em seus ideais eram obrigados a se ajustar aos limites impostos. A repressão e os autoritários atos inconstitucionais fizeram com que poetas, músicos e demais artistas se revoltassem e, por meio da palavra, mostrassem todo o seu descontentamento contra as perseguições, as torturas e os exílios.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. Biografia
Adélia Prado nasceu em Divinópolis, MG, em
1935. Poeta e romancista, é considerada uma das vozes poéticas mais interessantes de nossa literatura contemporânea. Amiga pessoal da maior atriz dos palcos brasileiros, Fernanda Montenegro, intérprete de um comovente monólogo chamado Dona