o sebastianismo

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Na peça “Frei Luís de Sousa” o sentimento sebastianista é personificado principalmente por Maria e por Telmo, mas também, em parte, por Madalena. O drama consiste no facto de a expectativa do regresso de D. João de Portugal arrastar consigo o regresso do rei, desaparecido na mesma batalha (Alcácer Quibir - 1578), o que, desde logo, colocaria em causa o adultério do segundo casamento de D. Madalena com D. Manuel de Sousa Coutinho e a ilegitimidade da filha D. Maria, que tais factos eram considerados para a sociedade portuguesa da época um pecado muito grave.
Telmo Pais é, sem dúvida, a personagem sebastianista por excelência. Aio de D. João de Portugal, cultiva, durante quase toda a peça, a esperança de que o seu amo regresse. Ironicamente, será no reencontro com D. João que a sua posição se alterará, tomando o partido, ainda que involuntário, por Maria de Noronha.
Maria, por sua vez, é idealista, estimada, e culta. O seu gosto pela leitura leva-a a ter uma imaginação fértil e, muitas vezes, delirante. Vibra com a hipótese de regresso do rei D. Sebastião, sem ter em conta que ele poderá significar também o retorno do primeiro marido da mãe.
O sebastianismo em Frei Luís de Sousa representa, assim, a sobreposição do emocional em relação ao racional, do pressentimento sobre a razão. O desfecho, ainda que muito trágico, e aí difere substancialmente de um eventual regresso de D. Sebastião -, contribuiria para o agravar do mito sebastianista: apesar de todos os anos que passaram e das buscas efetuadas, o improvável e o indesejável aconteceram mesmo, 21 anos depois.

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