O ritual haouka
Accra, Costa do Ouro, África. Centro urbano e comercial, sob domínio britânico, cuja efervescência econômica atrai populações de todo continente, ávidas por empregos. No mercado de sal, reúne-se, todo dia, o grupo de trabalhadores africanos que professa a cerimônia dos haouka, filmada por Rouch. Mesmo que pareça bárbaro aos olhos caucasianos de Ocidente, o ritual em questão, porém, nada mais representa que a reação dos personagens ao exemplo de civilização imposto pelo sistema colonial europeu, a saber, branco, cristão, capitalista e tecnológico, enraizado no preconceito racial, na profunda separação entre as classes sociais, no controle do poder político local e na violência militar.
O ritual haouka não é considerada uma prática exclusivamente africana, mas uma forma de demonstração do comportamento e as formas de interação social praticados pelos brancos, que no caso seria as pessoas influentes da antiguidade, retratam de forma simbólica e ideológica, o sistema de colonização que sofreram com simulações e encenações exacerbadas. Para os participantes do culto, é considerado um movimento social e política contra os colonizadores . Para os Haoukas, o ritual é uma forma de aliviarem tudo que sofriam : violência, preconceito, ordens, repressão. Possuídos pelos “deuses haoukas” ocorrem as imitações da figura do branco colonizador : imitam o modo como vivem, como andam, como se vestem, como cumprimentam, imitam os transportes queusam, etc.
O ritual não é apenas uma crença, é uma crítica ao sistema colonialista. É o jeito