Resenha crítica do filme les maîtres fous (os mestres loucos - jean rouch, 1955)
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Um filme como os “Mestres Loucos” nos desperta para questões que são de extrema importância e que até então, antes de uma análise e um entendimento mais amplo não reconheceríamos dessa forma.Num primeiro instante pode parecer muito aterrador, pois como estamos tão acostumados a nossa cultura, a alteridade muitas vezes nos choca. O mais interessante e fantástico no contato com as outras culturas, é o leque de possibilidades, novidades, contextos que nos são apresentados e passamos a imaginar e ver o mundo e os povos de forma diferente, como nunca poderia ser imaginado existir antes.
Percebemos o quanto somos limitados e o quanto apenas enxergamos o mundo através de nossa “lente exclusiva”, sendo que temos inteiramente à nossa disposição experiências enriquecedoras e transformadoras e nem ao mesmo nos damos conta disso.
O filme de Jean Rouch é um documentário acerca de um ritual, um movimento religioso, os Haouka.
Na cidade de Accra, época da colonização, vários grupos africanos distintos vindos de regiões rurais motivados pelo desenvolvimento que ali estava sendo implantado pelo capitalismo, veem-se num momento de transição, a aproximação desses nativos com os colonizadores.
Dentro desse contexto histórico de mudanças, onde existe uma violência no sentido da imposição da cultura branca, os grupos ali existentes, os nativos, em busca do entendimento, da elaboração de um sentido para esse momento de transição que viviam, extravasavam, ou pelo menos tentavamextravasar a repressão, a violência sofrida através de um ritual onde usando como base as suas raízes, elaboram uma forma de imprimir sentido ao que viviam. Através de sua cultura, das tradições africanas, no caso a possessão, os homens da seita Haouka fazem uma imitação do que seria um protocolo, uma cerimônia dos brancos, dos colonizadores; imitam a forma como andam, como se vestem, o transporte, os cumprimentos, enfim, uma representação completa daquilo que estão tendo contato, tentando assim “apaziguar o