O real e o imaginário
O engenho criativo humano, cuja forca motriz tem sua fonte no ato de imaginar, permite infinitas alternativas, tantas quantas ou mais que as imagens reais que se nos apresentam. A construção imaginária vale-se dos tijolos encontrados na realidade, para que, em novos arranjos criados, tal quais mosaicos, formem tantos, novos e diferentes quadros. A criatividade enseja a oportunidade de transformar, subverter, inovar a realidade sensível à nossa volta, permitindo-nos ir além dos limites de tal realidade. Nota-se desde já o poder imenso que a forca criativa nos oferece sem nos darmos conta de quais propósitos podem ser alcançados com isso. Se pensarmos no resultado da criação de uma produção artística, encontraremos objetos que nos levam à fruição estética. Por outro lado, se colocarmos tal forca imaginária na direção do desenvolvimento científico ou tecnológico, isso resultará em novos meios parra tornar nosso viver mais confortável e ameno. Se aplicada à novas construções do pensamento, outras formas de compreender e interpretar a realidade ao nosso redor serão permitidas. Quando diariamente nos entregamos aos sonhos, abrimos nossas almas à ocorrência espontânea e não passível de escolha consciente, de roteiros, enredos, personagens e cenários que compõem nossos sonhos, que podem vir carregados de emoção, prazer, e mesmo de total desrespeito às leis do espaço/tempo do mundo da vigília. Toda a noite é-nos obrigatório experimentar tais situações. Isto posto, resta-nos colocar a capacidade criativa a serviço dos nossos medos e angústias. Qual o resultado disso? Certamente abriremos espaço para toda sorte de sofrimentos experimentados pelo ser humano. Voltando à construção dos nossos sonhos, notaremos facilmente isso no desespero experimentado em nossos pesadelos.